sexta-feira, 29 de abril de 2011

O além da poética

Ouvira naquele momento algo de estrondoso soar pelos corredores de gesso e pelo estremecer do estrado de madeira da antiga cama. Tão antiga quanto os seus condôminos
e seus costumes de dormir abraçados com uma luzinha de abajur acesa e um radinho ligado à extrema ponta do travesseiro que dividiam, num volume quase imperceptível aos ouvidos caninos de seu pequeno filho adotivo de orelhas de abano. Olhou para o lado na esperança de encontrar a sua Senhora acordada para indicar-lhe o que de fato acontecia
essa surdez estarrecedora e ao mesmo tempo serena, que ninguém mais conhecera, nem mesmo ele, com os seus tantos anos de paciência esgotada, pele límpida e com ainda os olhos atentos de menino granjeiro. Naquele momento sofrera um terrível ataque - a boca em chamas, a sensação no peito que nunca mais sentira, os dedos trêmulos, rígidos e energéticos, a levitação - nos seus últimos segundos de vida. Morrera do coração, após uma última batida de inpiração. Sabendo o que de fato acontecia. Mas sem esperar que fosse algo tão poético.

Confissões de Alice

- A quem você quer enganar ?
o reflexo através do espelho
não é seu.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Flutuante





Toro y Moi é na atualidade, na minha opinião, a banda mais alucinante que vem de fora das margens plácidas.
Esta Música " sitll sound" faz parte do segundo Cd da Banda "Underneath The Pine". Não paro em pé quando ouço esta linha de baixo. Baixo. É uma paixão das antigas...

terça-feira, 26 de abril de 2011

protetor de tela

nada muda
neste ambiente
de trabalho

nenhuma cadeira
clima assunto nenhuma
vírgula sequer

todos os dias
são como novas
segundas-feiras

prometo não
perder a cabeça
prometo ficar atento

ao ponto
de cada
tolice.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sô Rio

.
O dia é feito de aventura
Com salves dias
dias sim
dias não
eu vou sobrevivendo sem
nenhum tostão

um prefeito
perfeito filho dedicado
limpando a bagunça pra
debaixo do tapete
todo o pretérito imperfeito

eu Rio
de quê?

o dia é feito de ventura

andar num campo minado
pisar em bueiros buracos
nos dentes de asfalto
sorriso que Rio

ta rindo do quê?


Poema meu publicado no blog do Jornal Plástico Bolha domingo !

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Turbilhão Onírico!





Na próxima quinta, dia 28/04, o Turbilhão entrará de cabeça nas poesias oníricas! Com vídeos, leituras, performances, dança e muita alucinação!

Não percam!

Hora de dormir

O cigarro é o meu
bichinho de pelúcia

a fumaça me abraça as narinas
e o ópio de baunilha
me faz caminhar por um outro
mundo onde as coisas não fazem
mal a saúde

com o peito acelerado tento
fazer o coração dormir

conto os dias
ao invés de carneiros

que me fazem
lembrar de teu nome
tão longe de meu travesseiro
passando...
passeio...
passei...
pass...
pas...
pa.........
p......
.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Companhia de bolso

"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo comigo
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O mundo não se faz para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo.

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar..."


Poesia completa de Alberto Caeiro, de Fernando Pessoa - editora Companhia das letras

sábado, 16 de abril de 2011

Meu mais novo filhote!








Cem anos de solidão, Gabriel Garcia Márquez

O melhor presente de aniversário que eu poderia ter recebido neste ano veio pelas mãos do Prof. Peter Gabriel Barros. Esta muralha fantástica que eu tanto amo, do seu xará Sr. Gabriel Garcia Márquez!

(Com direito à dedicatória e tudo!)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

À primeira vista





É tão bom quando reencontramos certas músicas que fizeram parte de algum pedaço antigo da nossa vida, e que viveu esse tempo todo praticamente escondido no nosso inconsciente, e perceber que elas são e sempre foram músicas maravilhosamente belas.
À primeira vista, do Chico Cesar, é uma dessas. Pura poesia.
E olha esse clipe, cheio de poeira e roupas estranhas. Esse macacão que ele está usando é totalmente anos 90.
Eita nostalgia gostosa da porra.

sábado, 9 de abril de 2011

gula

amor,
você me ama
um morrão
ou um
montinho

um porcão
ou um pouquinho?
deixa pra mim
a sobra
que eu raspo tudo

tudo,tudinho
do seu coração
gelatina.

FSNBF

o que se pode fazer
num sábado a noite
além de escutar os
mesmos embalos

das gostas de chuva
se repetindo até que
empoce todo o meu
maço de cigarro

ninguém irá escutar
ou se importar
se eu começasse a
gritar socorro pedir

por ajuda ou se
eu começasse a escrever
para passar o tempo
lá fora.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sessão vídeos-poemas

Depois de um tempão, sem saber que aqui, neste espaço minúsculo do blogspot, era possível a entrada de um vídeo e sem ter nenhum conhecimento sobre tecnologia & CIA., precisei da ajuda do meu ermãozinho caçula, de 1,98m de altura, para postar esses dois vídeos-poemas na maior cara-de-pau gravado durante um passeio calorento de domingo no Parque Lage pelo nosso cineasta lero-lero Daniel Paes.

Os poemas são: Sagrado Patrimônio (meu, Brawlhico Coelho) e Masturbação mental (de Braino Coelho)


Vejam se ficou legal e se dá para tirarmos uma onda.
(farei o favor de postar o seu também Brain!)


Sagrado patrimônio




Masturbação mental

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Eros e Psiquê




Psiu

pequena psiquê

vamos falar baixinho

Afrodite não pode saber
que nós ficamos acordados
enquanto a cor dos dados
rolavam nessa brincadeira
de eros erros
sorte ou azar

os nossos segredos ficaram
debaixo das cobertas

a obra de arte se esconde
debaixo do tapete

e a cada dia de sono perdido
ganhamos mais uma noite
de sonho acordado.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Parábola

Em cima da montanha
arranha o céu metálico
de natureza morta

um homem se joga
da atena parabólica

confundiu Deus com um F-18.

sábado, 2 de abril de 2011

365 poemas a um real

"Atualmente, na condição em que o nosso planeta se encontra de período tecnológico pós anos 00, não é muito difícil de se ver blogs brotando e sumindo a cada milésimo de segundo na telinha plana de HD do computador da sua humilde casa. Sim, convenhamos que hoje até o mais humilde dos humildes já possui um computador em casa. O que nos leva a acreditar que um blog está para as redes virtuais assim como o podrão está para as ruas do Rio de janeiro. Em cada esquina você encontrará um. Mas com tantas e tantas variedades fica realmente muito difícil de você encontrar algo que realmente valha a pena ou que contenha algum conteúdo apreciatívo. E foi assim, seguindo esta lógica (suponho) que no meio desse multirão de blogs, twitter e facebook’s adoidados surgiu um projeto idealizado por nada a mais, nada a menos que Maria Bethânia para a criação de um blog poético. Tá, blog’s poéticos também não são raridades na internet, mas se tratando de Bethânia o negócio ganha outras proporções e dimensões. A cada dia será postado um vídeo-poema. Ou seja: 365 vídeos-poema ao ano apresentado e representado por ela! Com o apoio do MinC, ela conseguiu um orçamento de R$ 1, 3 milhões para a criação desse blog(!)


E em meio a tantas críticas, bafafás e acusações sobre este “pequeno” orçamento, sem querer entrar no mérito de ser correto ou não, Fred Leal entra com uma idéia ainda mais genial. 365 poemas a um real. Um projeto que dispensa apresentações para que vocês entendam o seu objetivo.

No fundo, acho que todos nós sairemos ganhando com tudo isso, mas o movimento ApunCultura apoia qualquer tipo de manifestação poética de baixo orçamento (que é muito mais a nossa cara!). O que não quer dizer que o valor poético seja menos favorecido de um em comparação ao outro. A poesia não tem preço!

Então, aqui vai o nosso salve!"



Texto publicado no site do turbilhão poético sobre o projeto 365 poemas a um real!