sábado, 31 de dezembro de 2011

Resposta do ego para crítica

Quanto mais eu fujo, não vejo e esqueço
mais me encontro, me vejo e lembro
tudo aquilo que não quero
encontrar, ver e lembrar...
até me surpreendo
e algumas coisas eu passo a gostar (não assumo)
mas na maioria (presumo)
eu fujo, não vejo e esqueço... (exumo)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

os melhores de 2011!

e segue a lista dos santos que fizeram, usaram e abusaram da santa habilidade de escritor para me livrar de todo mal e da oficina que uma cabeça vazia pode oferecer. No meu horário de meu almoço, de sono e, não posso negar, até no horário de expediente para aliviar o estresse do dia-a-dia. Os salvadores são:

Alice Sant'anna
Ana Guadalupe
Bruna Beber
Gabriel Padal & suas Bugigangas
Ismar Tirelli Neto
Leonardo Marona
Maria Rezende
Plástico Bolha
Rafael Sperling
Ramon Mello


vocês, sim, merecem uma vaga no céu.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

tá chegando o fim

Enfim, faz um boocadoo de tempo que eu não sento aqui, neste amp. de borracha sem encosto que eu utilizo como a minha cadeira giratória de trabalho para usar no computador. É que a coluna dói, o joelho machuca, a velhice precoce se ajeita, as contas assustam, as coisas param de funcionar de repente e as merdas quando resolvem aparecer vêm uma atrás da outra. Mas é isso ae, ainda tento tirar proveito desse presente ardente que é viver para deixar aqui o meu poeminha de natal e logo o do ano novo (que é logo ali ó): Marry, chris e t-mas.


balanço


sempre sobra
tanto formalismo
para nenhuma
reforma

a minha obra
completa
é um beat
atravessado

desconto na janela
as chances que desperdicei
tentando ser outra coisa
um atleta, um golpista

e se eu fosse
um alejadinho
descobriria
que o mundo

não se faz
com as mãos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Jung romântico






Te amo + Te amo = a sincronicidade é tão fácil de ser entendida.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

poeminha quântico

somos todos costurados
neste mundo plano feito
efeito de um só estilha
çoque explodiu para dentro.

se não olharmos,
tudo são possibilidades.
quando olhamos,partículas de existência.

coisas
não
são
coisas
são
tendências.

quero me libertar totalmente
como se todos os caminhos
fossem fluxos inconseqüentes
cargas elétricas em transe fixo.

você já viu a si mesmo
através dos olhos vesgos
de quem você se tornou?

um ser humano saber
sobre a origem das coisas
é como um peixe saber
sobre a origem dos mares
ou as bombas saberem
sobre a origem da guerra.

enquanto os espaços infinitos
forem vontades normalizadas
seremos todos antipromessas.

by Leonardo Marona.




às vezes acho a certeza
perdida em alguma mesa de bar.
Certas pessoas simplesmente não existem!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Descartando


Cogito
logo
regurgito.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Bala!

Feriado, pra que te quero? Se no Brasil as coisas vivem num eterno recesso? Todo dia é dia de cana, enchentes, vias entupidas, novelas e canaviais. Se você quiser mudar de vida: ih, hoje não vai dar. É dia de futebol na TV. Do último capítulo da novela das oito. De descobrir quem matou Odete Roitman. Conheço estas histórias de outros carnavais. No Brasil se paga o prato e se come o pato. Mas ainda sim, existem outros animais que pensam: no futuro, na futilidade da vida, na ironia e na decadência dos outros animais. Ornitorrincos e pardais. Estes sim, são bichos porretas.
Nesta semana, no meu trajeto ao trabalho, dentro de um ônibus cheio de pessoas vazias, perdi o sono com o livro de estréia do Gabriel, O Pardal. Que fera! Que Garra! Animal! Carnavália é o livro que se desnuda sem precisar estar num carnaval. E prega uma peça bonita nessa gentalha.
Este cara, que tem pinta de sulista, ginga de carioca e vem lá da Bahia. Ele não está falando sério. E quem no Brasil fala sério? Ninguém se leva a sério. Estamos dispostos a arrancar gargalhadas da desgraça alheia. Ou da própria. Das prestações vencidas, das almas perdidas, dos cartões estourados. Vende-se desespero como mercadoria. Quem dá mais!? "a ideia inicial era que na/ falta de balas, cassetetes e granadas, você pudesse/ arremessar este livro contra os inimigos." Pardal dá o troco nesta palhaçada toda sem receber um tostão. E neste circo armado de fanfarrões e carrascos mascarados de apresentadores de comerciais, Gabriel, o professor-pardal, só quer mostrar pros senhores e para as senhoras a mais nova invenção que o mundo já conheceu, da mais alta inovação ideológica que um homem já conseguiu: Carnavália. E aproveite para saborear esta incrível cria, enquanto o seu dinheiro te leva para passear, antes que o mundo se acabe em doces e travessuras. Isto aqui rapá, é bala.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ele & Ela III

Eles estão abraçados. Olham para aquela paisagem escura do quarto. As cortinas ainda estão fechadas. Os cheiros dos cigarros falecidos misturam-se com os cheiros dos novos. Não há espaço para luz ou perfume naquele ambiente.

- Tá um friozinho, né?

- Aqui dentro ou lá fora ?

- Dentro de mim.

- Então me abraça mais forte...

Eles apertam ainda mais os seus corpos um no outro.

Ele está sentado de costas, escrevendo. Parece empolgado com as coisas que acabou de escrever. Fuma um cigarro atrás do outro, que nem um gafanhoto. Gafanhotos ou canhotos fumam? ele não é canhoto e nem gafanhoto e ainda sim fuma.

- O clima mudou tão rapidamente não acha?

- De uns três meses para cá tudo mudou.

- As coisas ou a gente?

- Um pouquinho dos dois, eu acho.

- É aquele lance das coisas que se misturam e necessitam uma da outra para sobreviverem.

- As coisas ou a gente?

- um pouco dos dois,eu acho...

(silêncio)

- Quem foi que deixou isso acontecer?

- Eu sei que eu tô fazendo a minha parte.

- Me deixando sozinho mais de uma semana?

- Não comece... isso já havia sido conversado antes.

- Eu sei, mas eu também já havia comentado que seria muito difícil para mim.

- O que eu posso fazer por você?

- Você já faz coisas demais por mim.

- Você não me ama mais?

- É justamente o contrário...

- Eu não consigo entender, então por que tanta escuridão? Por que tantos cigarros? Por que tanta solidão?

- Por que tantas perguntas?

(eles sorriem)

- Acho que nós chegamos naquele momento.

- Que momento?

- Da normalidade das coisas.

- Normalidade ou banalidade?

- Um pouco dos dois, eu acho.

- Nós estamos nos acostumando com as nossas ausências...

- Eu sou viciado em você. Você já ouviu falar da teoria do vício?

- Não.

- Todo viciado quando passa três dias sem praticar o seu vício, está prestes a larga-lo de vez.

- Sim...

- Estou há mais de uma semana sem te ver...

- Você está se curando de mim, é isso?

- Mais ou menos...pra esses tipos de coisas não se curam assim tão de repente.

- Está tentando se esquecer?

- Eu ainda não sei... Acho que eu estou tentando me adaptar.

- Eu também sofro meu amor.

- Mas você parece tão bem.

- Por dentro ou por fora?

- Por fora...

- Então, eu também sofro com a nossa distância.

Ele lê o que escreveu na folha de papel. Levanta-se com uma empolgação. Pega o celular em cima da estante e liga para ela. Antes que ela possa dizer alô, ele vai logo falando:

- Oi amor !

Uma barulheira de fundo.

Ele ouve algumas pessoas gritando e rindo surgem frases do tipo: “Oi amor”, “meu amor”, “amoooooor”.

- Você está onde?

- Estou indo viajar, não lembra?

- Eu havia me esquecido...parei no tempo.

- Seu bobo, você está sempre parado no tempo.

(silêncio)

- Que barulheira toda é essa?

- São os meus amigos que estão me zoando aqui. Eles são invejosos.

(ele sorri sem que ele veja)

- É alguma coisa de urgente?

(ele olha para a folha de papel)

- Não... Não... Esquece.

(silêncio)

-Então tá.

-Tá bem...

- Beijo pra você.

- Beijo pra você também... Te cuida.

- Você também.

Eles desligam o telefone. Ele continua olhando para a folha de papel. Já não está mais empolgado com a descoberta que fez.

- Acho que aquilo foi um adeus.

- Tem certeza ?

- Você vai me deixar sozinho por uma semana...

- É. Com todos os seus vícios. Será que a gente não vai nem fazer a nossa última transa? O Nosso sexo é a nossa maior virtude!

- E o nosso maior vício.

- A gente não pode esquecer de tudo isso.

- Eu só preciso pensar um pouco.

- Pensar mais?!

- É o meu vício...

- Olha, você está usando aquela camisa vermelha que eu te dei! Mas essa barba mal feita... Você está parecendo um comunista.

- Sou um comunista romântico.

- Toda forma de ideologia é romântica, não?

- Eu estou de luto.

- De luto ou de luta?

- Luto...pelos bombeiros.

- Você sempre arranjando desculpas.

- E você sempre fugindo delas.

- E agora, como nós vamos ficar?

- Agora somos dois partidos diferentes.

- Corações partidos.

Eles se abraçam mais forte.

- O céu está lindo, não acha?

- Sim. Está como sempre foi. Nós é que sempre esquecemos de olha-lo.

- Posso te pedir uma coisa?

- Você pode me pedir muitas coisas.

- Não me solte.

- Pode deixar.

- Vamos ficar aqui...

- ...Para sempre.

- Olhe, eu estou nos olhando!

- Sério?

- Sim! Agora faça já uma cara de feliz.

- Como assim?

- Dê aquele sorriso que eu adoro!

- Qual deles?

- Aquele que você fecha os olhinhos.

- Assim ?

- Isso! Tá linda!

- Será que você vai perceber que nós estamos felizes?

- Claro que sim! eu me conheço...

Ele olha para a fotografia grudada no mural. Aquela imagem deles abraçados tirada na última viagem.

O sorriso parecia ser eterno.

Um breve momento de felicidade registrado para sempre.

A vida continua tendo o mesmo sorriso de sempre, nós é que nunca nos demos conta de que esse sorriso é pra gente.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

touro e eu





Na terça-feira que vem, dia 08, o Circo será tomada por uma onda diferente das que nós, carioquíssimos supremos, estamos acostumados a pegar. Nada contra os surfistas bombados e cabeludos, mas nadar a favor da correnteza, pegar jacaré e não tomar caixote no fim, é uma glória imensa para quem não está acostumado com mar aberto.
é o tipo de onda que, talvez, eu sobreviva.

domingo, 30 de outubro de 2011

Navego entre o "vai e vem" das suas pernas
Navegador com um certo conhecimento de mares
Ao se deparar com o desconhecido
Excita a alma desbravadora !

Lembra de outras embarcações que naufragaram
Empreitadas sem sucesso ,mas mesmo assim,
sem saber o que esta pra acontecer... ele só consegue prosseguir...
sem olhar pra trás... e só descansará após o gozo do sucesso

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

um curto passeio na rotina de um domingo qualquer

estou dormindo. alguém me bate durante o sono. eu acordo a socos e pontapés. a minha namorada sonha, fala e chora dormindo. eu a acalmo para ela voltar pro sono. a minha namorada me ama. acordo pela manhã pouco inspirado.coloco para tocar uma música. todos dentro de casa acordam. já é quase meio dia. vamos tomar banho e nos arrumar para tomar café. estou repetindo a mesma música. a minha namorada adora ouvi-la e de me ver cantarolando-a. ela é a canção que eu mais amo. meus irmãos e meus amigos se identificam com ela. em pleno domingão, flango ou macalão. e se o negócio é bom, cê fica chineizim. não comi flango e muito menos macalão. não fiquei satisfeito com o pastel chinês de camarão. passamos na padaria do portuga para comermos pão com ovo e misto. o roteiro do dia é roteirizado por um pássaro. todo domingo tem um roteiro estipulado. estamos divididos em dois carros a caminho de um parque no Leblon. no meio do caminho alguém ficou para trás. estou repetindo a mesma música. meus amigos curtem a pedida. estacionamos o carro sem muitas dificuldades. ninguém conhece o local. uma vista bonita nos consola. namoramos um pouco no ninho do(i)s irmãos. o atrasado nos alcança. várias fotos da família reunida. o pássaro pinta uma fotografia. estou namorando e distraído. o passeio se estica. estou repetindo amesma música. a minha namorada já está enjoada dela. queremos cerveja e churrasco. uma pausa para a falta do que fazer. todos adoram essa hora. já estamos cansados. queremos cerveja e churrasco. chegou a hora de partir. estamos voltando pra casa. estou repetindo a mesma música. a minha namorada reclama dela. fico ausente. parada obrigatória na praça do bairro para molhar a garganta. as crianças jogam bola numa arena de paralelepípedos, entre bancos de concreto, gangorras e pedestres. não existe gol ali. elas improvisam. não estão nem ai. estamos com as portas dos carros abertas e com o som ligado. já estamos bebendo. queremos churrasco. improvisamos uma linguicinha frita com cebola. estou repetindo a mesma música. peço para não trocar. a minha namorada pede para eu calar a boca. ninguém aguenta mais ouvi-la. não existe amor em Sirte. fico contrariado. o sol se põe. estamos catando latinhas. a dona do bar não nos (re)conhece. o povo já vai-se embora. estamos subindo pra casa. ainda sobrou espaço para uma pizza. alguém resolveu fumar. estamos todos socializando. é tão bom dormir com o seu amor. há uma felicidade na cama. estamos todos entregues. a madrugada está fria. a minha namorada ronrona como uma gata. é tão triste ter que deixá-la para ir trabalhar. acordo ainda de noite e levanto-me para a luta. estou repetindo a mesma música infinitamente.

Elemento Amor

Cataventos

(parte treix)



- Vamos ao teatro?

Por pouco o rapaz quase respondeu “Eu te amo”. Mas ele se deu conta de que estava no refeitório do trabalho. Denise olhava para ele na esperança de receber alguma resposta, qualquer resposta. Enquanto os funcionário não os enxergavam. Os dois eram os únicos com os olhos caleidoscópicos.

Pensou. Pensar é relacionar imaginação com intelecto. Todo pensamento carrega em si uma imagem em ação. Eu penso que sei o que eu estou escrevendo, logo o meu pensamento carrega dentro de si a imagem de quem sabe que no final vai tirar uma boa nota na prova. Imaginar e pensar estão mais próximos um do outro do que você pode pensar ou imaginar.

Teria respondido isso na prova de imaginação I. Mas Denise continuava esperando alguma palavra que saísse de sua boca.

Ela era bem mais velha do que ele. E não era a sua beleza que lhe chamava a atenção, eram suas palavras que sempre embaralhavam as suas idéias. Algo saía da boca de Denise e era tão belo que se transformava em um único ser. Um cardume de borboletas voava como peixes no m(ar). O rapaz até que tentou entender tudo aquilo mas foi em vão. Era novo demais para compreender tantas palavras sem sentido. Achava tudo aquilo muito mágico.

Sentado na platéia, Rodrigo pensou que respondeu “Sim” ao convite de sua chefe.

Ele se espantou ao se verem no palco. Os personagens eram exatamente eles: Rodrigo, Débora e Denise.

Mais do que personagens, os atores eram eles mesmo interpretando eles mesmo. Eles mesmo que eu digo são os nossos três personagens e não os da peça. (espero não ter confundido a cabeça e os pensamentos de nossos leitores).

Como era estranho assisti-los de longe. Viu na pele o que era o distanciamento Brechtiano.

Assistiu a vida como ela é: uma tempestade com muito som e fúria e pouco Milkshake de Shakespeare.

Após o jantar no teatro, decidiram fazer a digestão num bar. Ainda com dificuldades em engolir algumas idéias, Rodrigo não se segurou e arrotou uma delas:

- Você acredita no amor? – silêncio em todo o bar. Foco na mesa do casal. Denise disfarça colocando o cabelo para de trás da orelha. Dá uma risada de leve.

- O amor... Se tem algo que nunca deveria ter sido gramaticado, esse algo é o amor. Ele nunca foi refúgio para ninguém. Muito pelo contrario, ele expõe. Somos livres para amar mas nunca estaremos livres do amor. Ele é absoluto. Enquanto tiver uma pessoa no mundo sofrendo, existirá o amor. Nós não enxergamos o amor porque ele é abstrato. Só quando você estiver bem velhinho, se dará conta de que esteve o tempo todo perto de amar mas nunca conseguiu enxergá-lo.

As luzes se acendem. Todos aplaudem Denise de pé. O garçom lhe traz um buquê de flores em uma bandeja. Flashes de câmeras e rosas são jogadas em cima dela.

Rodrigo emocionado, pensa, imagina, lembra de Débora.

No dia seguinte o casal voltou para o velho parque que em outros tempos cultivou o brilho da primavera. Lembrou-se do catavento que sobrevive aos ventos. Um catavento não é catavento até o momento em chega o vento. Só assim ele pode mostrar sua função, sua identidade e sua beleza simples de ser um catavento.

Poesia à parte, Rodrigo tentou segurar a mão de Débora com força para que eles não se separassem no meio daquele furacão.

Não importa o que o homem faça, Amar é sempre estar condenado à liberdade das escolhas. É estar disposto a escolher.

Não pensou em mais nada, não imaginou coisa alguma.

Sartre é mesmo o cupido que sempre esteve certo o tempo todo.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

presente

temo pelo costume do tempo
que envelhece e toma conta de tudo
o vencimento das carnes

há algo de podre na geladeira
alguns talheres sujos no armário
mas para quem já derramou

um gole de leite no chão
é normal ter cheiro de mofo nos pés
eu faço o possível para não envelhecer

como os jornais, as notícias e o bolo
de chocolate nos potes de sorvete
mas é você quem contribui

com o milagre da vida
de ser meu único dente branco
no meio dos sujos e cariados.


para a única criança que merece todo amor e carinho do mundo.
te amo minha pitu, quiquinha.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Fim de semana no CEP 20.000

Moçada, eu e b1 estaremos nos apresentando com as DuasCaras no próximo CEP que rola toda última quarta do mês no Sérgio Porto. Faça chuva, ou faça sol, tá todo mundo convidado.



CEP DE OUTUBRO



ESPAÇO CULTURAL SÉRGIO PORTO



rua humaitá, 163 / fundos – 2535 3846

quarta – 26 / 10

20:30 – 5 reais



20:30 - cine cep

21:00 – farani cinco três / drummond a céu aberto

21:10 – paulo francisco paes / piano

21:20 – farani cinco três / baixo drummond

21:30 – sábado e domingo / poemas

21:40 – organismo e companhia / palavras / circo / música

22:00 – os azuis / rock and roll

22:30 - microfone aberto / o imprevisível você

23:00 – fim.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Elemento Amor

Cataventos

(parte dói sss)


No dia seguinte, Rodrigo como de costume (é costume meu enfiar costumes em todos os lugares, por isso não se espante, leitor) chegou cedo no trabalho. Para passar o tempo, abriu o livro de Nelson. Denise entra nesse exato momento do livro:

Tentava – bom dia – voltar disse para Rodrigo página vento que de vista perdeu.

- Está estudando?

-Não, estou lendo... - o rapaz ficou decepcionado com a sua incapacidade em alegrar as pessoas com respostas certas.

- Ótimo! “Ler é mais importante do que estudar”. Algumas palavras acabam se tornando obsoletas com o passar do tempo.

- É o costume? – pergunta Rodrigo com medo de ter escolhido a pergunta errada.

- Pode ser. Principalmente daqueles que preferem responder com tal palavra ao invés de mudar de costumes.

Com tanta Rodrigo sempre viu da boca os cabelos Denise batiam borboletas sair que desarrumados deixava-o com as asas força.

- Por que você não faz uma faculdade?

- Porque... - ele tentou pensar em alguma coisa que valesse realmente a pena dizer - Porque eu ainda não sei o que fazer... - por via das dúvidas preferiu ficar na dúvida.

- Venha aqui, eu acho que posso te ajudar em encontrar um caminho.

Denise com seus passos foi literalmente varrendo os objetos de sua frente até atravessar a parede da sala sem a menor dificuldade ou preocupação.

Surpreso com aquilo, Rodrigo seguiu-a e por um momento achou que cairia em uma armadilha de papa-léguas. Ele coiote, daria com a cara na parede por não acreditar em desenhos animados. Sorte a dele por existirem coisas impossíveis.

Lá dentro, viu estantes repletas de livros. Todos coloridos e com cheiros distintos um do outro.

- Como nós conseguimos atravessar...

-Só aqueles que tem a imaginação fértil são capazes de fazer tal coisa.

Denise tinha toda a segurança de quem tem sempre razão ou melhor, a imaginação fértil.

- É aqui que eu almoço todos os dias. – ela tira um livro da estante e entrega-o – experimente.

Rodrigo pegou o livro Alice No País Das Maravilhas.

Ao mastigar as páginas sentiu o gosto doce de suas palavras: “Se você não sabe para onde ir, não importa que caminho tome...”

Já tinha a resposta. No dia seguinte o rapaz se matriculou no curso de Patafísica.

Rodrigo e Denise criam o costume de sempre almoçarem dentro daquela sala fora da realidade. As barbas do rapaz cresceram de uma tal maneira que ele podia guardar muitos livros dentro dela.

Almoçavam com os grandes pensadores da história: Sócrates, Hegel (antes do prato principal para não causar indigestão), Platão e como sobremesa Foucault; passavam horas discutindo as impossibilidades humanas.

- Você tem filhos?

- eu não....eu tenho medo de passar para os meus filhos toda a minha inteligência e ficar sem nenhuma para mim.

Silêncio.

Freud fingiu que se engasgou com a comida. Nietzsche come de cabeça baixa olhando para o prato.

- Estou brincando!

Todos suspiram aliviados.

Rodrigo já havia se acostumado a não dormir ou ficar acordado (dependendo do gosto do leitor). Passava as noites em claro no escuro conversando com dois amigos: Mario e Oswáld de Andrade.

Estudando as matérias da faculdade: imaginação I e II, imaginou ter escutado o seu telefone tocar. Precisou fechar os livros e voltar para a realidade para saber se tal ocorrido era mesmo fato verídico. Imaginou que pudesse sim ter escutado o telefone e que poderia atendê-lo:

- Alô.

- Oi amor.

- Oi... amor.

- Vamos ao cinema?

- Hoje não posso... Estou estudando - Rodrigo não tinha dificuldade alguma em ser frio.

A conversa foi interrompida por uma terceira pessoa que entrou na linha, o silêncio. Isso estava longe de ser imaginação.

Depois de tanto imaginar coisas, percebeu que estava pronto para a prova da faculdade. E percebeu que a razão deveria ser algo facultativa.

Ensinou o galo da vizinha a cantar canções líricas para que o ajudasse a despertar da sua insônia crônica. O galo parecia ser o único esperto naquele lugar.

Pensou que poderiam fugir de toda aquela tempestade. Ele, ela & sua imaginação longe de ser racional. Decidiram tirar férias. Viajaram para a Europa a fim de respirarem novos ares.

Rodrigo sentia as mudanças em seu corpo. Toda aquela poeira estava saindo de sua pele já condicionada. Seus olhos mudavam de cor e aos poucos, não conseguia mais dizer “Eu te amo” independente de qualquer língua.