sexta-feira, 22 de novembro de 2013

barbra

não adianta
tentar elimina-la
raspando-a
da face

(ela vai continuar coçando).

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

cigaerrado


WORNG WAY
worng way
WORNG WAY
wrong way

nunca
largou-me
o vício
o único amor verdadeiro
de querer sempre o oposto:
a virtude
correndo na contra-mão
em direção ao tapa topo
o beijo da vida
que venha me salvar

o espírito brasileiro
de receber tudo de pernas
pulmões braços abertos
inclusive a morte

eu não solto o controle
corto minhas raízes
o cabelo de sã
são coisas que eu tenho
desde a infância

desejei a câncer
que tenha um professor(a) de matemática
em sua vida
que lhe ensine
que nós esquecemos
de ensinar a ensinar

e hoje
estamos em último lugar.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

lucy in the skype online


o sonho acabou
julian cresceu
lennon morreu
e lucy hoje trabalha
como secretária

sem direitos
autorias
de sonhar
como quando ela ainda era apenas uma música

tomba
toma
esporro do se chefe
porque viaja sentada skypa
da realidade
e esquece de ligar o skype.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

enema of the state


aqui
até a pessoa mais liberal
tem o rabo preso.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

fu(tu)ro




no meu relógio biológico
tu és o buraco negro
atrás do arco
da íris e bílis negra
onde eu me acho
quando fecho os olhos

aquela parte vazia que carregamos
dentro da gente
com tanto carinho

tu é ausência
o furo na palma da mão daquele
que tinha um caminho escrito
nas brancas páginas das solas dos pés

o elo perdido
entre o que eu era
com o que nós podíamos ser

(presente de grEgo).

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

um pouco mais de corpo


- bom, em primeiro lugar, eu quero agradecer ao lucas viriato por ter nos dado forças no jornal plástico bolha. ali demos os nosso primeiros passos poéticos.lembro-me que ao ver um poema meu, digo, nosso, publicado no jornal, tive a sensação de estar voando.

em segundo lugar porque este pequenino livro-grandioso "corpo pouco"

                                                                           

me fez refletir sobre muitas coisas que ocorreram e que ainda estão correndo em minha vida, nesta minha realidade de viver nas nuvens.

eu sempre me senti um poeta, sabe? desses que acham que somos deuses vivendo no olimpo. a herança do pensamento grego eu carrego em minha caixola. desde cedo aprendi, como esquema de sobrevivência, que nesta sociedade a melhor opção é pensar com o umbigo. 

me sentia prosa só por gostar de poesia heringer.
em minha cabeça de "poeita" a poesia era uma roupa, sabe? uma roupa da hering, um uniforme de super-herói que me dava super poderes. isso ainda realçava a minha silhueta social.

passei anos acreditando que era dotado de conhecimento e principal responsável por leva-lo à minha sociedade, ajudando os meus semelhantes a enxergarem o mundo através da poesia. eu me sentia um atlas.

hoje, após algumas experiências transcendentais, descubro que existe vida além da mente.

no momento em que tive mais medo de me afogar nas ilusões da minha mente, fui salvo por quem? pelo meu corpo que me trouxe de volta para realidade.

sim, o corpo é o que temos de mais real nesta vida. o corpo se pega, se mexe, se balança e se requebra e traz febres de sábado à noite.

após anos acreditando que esta guerra entre os dois lados da minha vida não iria acabar nunca, percebo que eu só precisava arrumar uma outa forma de enxergar a vida, olhar o mundo com uma outra perspectiva.

então, chega de viver no mundo da lua! preciso voltar à terra.

o meu corpo, e o "corpo pouco", me fizeram percebe que podemos ser siameses conosco mesmos (mas até certo ponto, é claro. é preciso respeitar os quadrados da matéria).
ou também podemos aprender com as mães como é trabalhar com duas energias diferentes em um único corpo-realidade, em período de gravidez.

agora eu sei que a minha insônia e a minha hiperatividade não são doenças como eu imaginava, mas sim coisas da minha própria cabeça.

agradeço ao lucas viriato, poeta da cabeça aos pés, por me fazer aprender neste livrão que há possibilidades de levar a poesia das mãos ao restante do corpo, ou do restante do corpo as mãos, como já profetizava o mestre sexta-feira (ericon pires).

em matéria de realidade, o corpo nos mostra que é o local onde encontra-se o agora.
e agora eu aprendi que os verdadeiros poetas são os atores de filmes pornôs.


obs.: lucas, estive pensando, será essa a resposta que darei quando me perguntarem sobre o seu livro "corpo pouco".

obs.II: só os que tiveram ou terão o "corpo pouco" de lucas viriato nas mãos entenderão o que eu estou falando.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

o dia em que a terra parou por causa das palavras

http://bibliotecadigital.ilce.edu.mx/sites/ciencia/volumen3/ciencia3/155/img/155_101.gif


















palavras são especulações científicas
cheque sem fundo dinheiro na bolsa de valores
a lógica que seguem os astros
as diferenças entre os gêneros

por exemplo
elas nunca vão entender
o que é um homem sem palavra
um pobre sem ter o que comer

palavra é a força da natureza
é deus pulsão vida plutão
que da noite para o dia
deixa de ser uma coisa
e se torna outra

as únicas certezas que tenho e dou
as mesmas certezas que me fazem
amar a vida e odia-la
de ser pego desprevenido por todas elas

enquanto dou palavras a alguém que desconheço
recebo palavras de alguém
que sabe que me conhece

isso tudo são só palavras
                     só.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

preciso de um sofá novo



dizem que com os anos
de convivência o objeto
ganha o seu perfil
camisa boné óculos
emprego idade ideia

dizem que adjetivos são qualidades
do objeto palavra pessoa ideia
corpo matéria televisiva

tem pessoas que levam muito a sério
os adjetivos adjetos que levam da série de tv

tudo em minha casa se parece comigo
são coisas sujas pelos cantos rasgados
feridos faltando alguma coisa
um vão onde perco aquilo que me é
mais valioso e sem prazo de validade
entre a almofada e o encosto

que seja
apesar de tudo eu amo sofás
de todos os tipos tamanhos
qualquer sofá que me receba com seu
adjetivo mais macio
de poltrona ou pernas abertas
me fazendo perder-se em seu adjetivo
mais ingenuínamente humana que eu conheço

é nesse momento que as pessoas & os objetos se tornam um único objetivo.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

meu amor cai por terra


tu
que pensas que a paixão
ataca somente a mente
é troço que dá só na cabeça
enganou-se

paixão também é
é traça que come pano
com a boca
panos coloridos algodão satin lycra
deixa a boca com gosto de gente
doce
é algo tão cócegas.
 
não é a toa que dizem que o amor é cego
porque quando o ego não vê
é que o amor aparece.

só mente                                                                    em cima
quando percebemos que a lágrima escorre tanto

                                      quanto embaixo
é que nos damos conta
que o amor
age para os dois lados
até pela dor

e isso não foi uma rima.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

de repente ela volta

desde que li
aquele verso sobre
te amo e te asmo
em espanhol

a dimensão
que ficou
em particular
espanhol nenhum

ainda descobriu
é uma doença
incurável
sentir você

apertando tudo
engolindo meu ar
desde qu'eu era
criança

meu amor
tinha
cheiro de
nebulizador.

diário de um trabalhador brasileiro

esta semana ele teve a certeza
de que estava sozinho
falando por dois
escrevendo por três
recebendo por um

enquanto sua chefe
enche os bolsos
o saco a caixa de e-mails

e teima em chama-lo
de parceiro.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

10/07/13 - Quarta-feira


Zé, que já conseguia abrir os olhos, enxergava o mundo ao seu redor.

- Será que ainda estou sonhando?

Ele reconhece o lugar onde está. Sol. É dia. Apenas o cheiro do cigarro do Chimpanzé-velho. Fumaça. Zé escuta a voz do Chimpanzé-velho falando em seu ouvido:

- O sonho é apenas a outra face da realidade.

Zé precisava ter a certeza de que estava na realidade que conhecia. Caminhou no meio do mato e chegou até o grupo de bonobos que logo reconheceu. Todos eles, como de costume, alguns de barriga para cima, outros de barriga para baixo,  praticavam o sexo.  Zé olhava-os se divertindo e não conseguia mais achar prazer naquilo tudo.

- Por que eles se divertem ao invés de conhecerem o mundo?
- Porque o conhecimento vem do prazer – respondia o velho primata em seu ouvido.
- O prazer é uma manifestação divina?
- E o que não é manifestação divina? Nascemos dele, carregamos ele dentro da gente.
- Eu não quero carregar ninguém dentro de mim. Me assusta saber que tem alguém me olhando a todo momento.
Zé olha para todos os lados e sente que está sendo observado.
- Quem observa também é observado.
- O que você está querendo de mim, afinal?
- A verdade.
- Eu já não te disse?
- Não é a mim que você deve dizer.

Zé sai daquele lugar procurando pelo Chimpanzé-velho. Ele percebe que a fumaça vai aumentando no meio do mato.

- Tem algo pegando fogo na mata.
- Nem sempre onde tem fumaça, tem fogo.

Zé consegue ver o velho primata deitado com o seu cigarro na boca. Seus olhos continuam azulados mas agora não brilham, por causa da claridade.

- Você esteve aqui o tempo todo?
- Nós estivemos aqui o tempo todo.
- Que tolice...
- O tempo é tolo.
(silêncio).
- Você achou o seu próprio tempo? – perguntou o velho chimpanzé saltando do chão com uma habilidade que não condizia com a sua realidade. – Você precisa achar o seu tempo, que é diferente do tempo do mundo.  - O Chimpanzé-velho lhe aplica uma “benção” no meio de sua barriga. Zé contorce-se de dor. Sua barriga já estava doendo de antes.
O velho primata se aproxima do rosto de Zé:
- Você precisa se encaixar no tempo do mundo, dos Outros. Ache o meu tempo e você achará o seu tempo.
O chimpanzé-velho dá um mortal para trás e espera Zé se levantar. Zé levanta-se e percebe que precisará brigar pelo seu tempo.
Eles jogam capoeira dentro da mata.

(Para ler ouvindo “A Capoeira” do grupo Ayahuasca).

- Você precisa entender que a vida é feita de “jogos”. Você, para dialogar com o mundo, precisa achar o “tempo” das coisas. Quebre o meu tempo e você achará um tempo que não existe na realidade.

Zé percebe que pode conseguir atingi-lo quando age no contra-tempo da ginga do Chimpanzé-velho. O velho primata, muito experiente e sabido, esquiva-se dos golpes de Zé enquanto gargalha:

- O tempo só existe na nossa cabeça! O tempo do corpo é diferente do tempo da mente!

Zé lhe aplica uma armada, mas não estica o pé no alto, como deveria, mas sim lhe dando uma rasteira fazendo o velho chimpanzé cair no chão. O velho primata permanece no chão rindo.

- Você agora se chama “Vagalume”. Será aquele que na escuridão traz a luz. Carrega dentro de si a luz da lua. Você vai voar e iluminar a escuridão, Vagalume.

O Chimpanzé-velho coloca um cordão com um pingente de Lua no pescoço de Zé.

- Não se esqueça, a luz vive fora e dentro. Você precisa saber usa-la de forma consciente. Não deixe que as tentações lhe atrapalhem. A verdade está em Deus, no “Eus”. E quando achares que está sonhando, lembre-se que a vida é um grande sonho. Agarra-se a uma realidade qualquer e ela passará a ser a única realidade.

O Chimpanzé-velho some dentro da mata rindo e dando piruetas no ar.

Zé abre os olhos e percebe que está vomitado no chão. Sua barriga quase não dói. Em seu pescoço há o cordão que recebeu do Chimpanzé-velho. É dia.


A realidade é essa.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Rio de Janeiro -24/06/13 – Segunda



Eu estava andando, coçando a minha barba, pois isso me faz pensar, pelas ruas do Baixo Botafogo, ali perto do cinema Estação, onde ficam vários bares um colado com o outro, quando vi as ruas infestadas por pessoas.
Como eu havia me lembrado do primeiro sonho que tive , praticamente no mesmo lugar, também com muitas pessoas contentes pelas ruas, sabia que aquilo era por causa da Revolução.
Diferente do outro sonho, nesse, as pessoas, assim que avistavam policias se aproximando, começavam a se beijar. Se agarravam e tiravam suas roupas.

(Para ler ouvindo “Paula e Bebeto” na voz do Milton Nascimento).

Sempre que a policia passava de carro olhando para a cara de cada um deles, eles cagavam para os “defensores da ordem” e se importavam somente com o ato de se amarem.
Vi catadores e catadoras de latinhas - bêbados, como sempre - comemorarem e tirarem suas calças, fazendo bundalelê. Garotas sem saias, homens sem calças, velhos se beijando e se preparando para tirarem suas roupas e até crianças que entravam na onda dos mais velhos.
Os policias, é claro, ficavam sem reação e olhavam para aquilo tudo com uma reação constrangedora.

(E quem não fica “sem graça” com as”sem-vergonhices” dos outros?).

Eles não podiam ataca-los, afinal, eles estavam praticando um ato de amor. Com eles mesmos. Sem se preocupar com quem quer que seja.
Não dá para lutar se o seu oponente decide não lutar. Assim como o diálogo, a luta só acontece se tiver o mínimo de dois lutadores (uma luta justa, eu diria).

Senti-me contente e curioso com a forma que eles haviam arrumado de “tocarem” as pessoas sem precisar de "agressões físicas". Ali, eles provavam que o corpo também pode se manifestar. E que o Amor pode ser até mais prazeroso e divertido do que o ódio. Afinal, é uma manifestação que valoriza a vida.

Eu sabia que o “Amor e o Ódio só se diferenciam nos atos”.
(lembrei do Outro Gêmeo).
Então a mesma raiva pode ser aplicada em em outras coisas, ela também pode ser uma manifestação de Amor.

Entre os labirintos do centro da cidade e da complexidade, eu pensava que essa talvez fosse a melhor manifestação que podíamos arrumar para acabar com toda essa onda de violência por parte dos dois lados: Direita x Esquerda, Policias x Vândalos, Policias x Bandidos... (Es)Forçaríamos as pessoas a se amarem na prática.
E isso , além de atordoar o governo, daria mais tempo para aqueles que querem “mudar” o país. Todos os que estivessem na faxina poderiam ficariam em paz; já que os outros amigos estavam ajudando, levantando os móveis.

Continuei caminhando:
- Keep Walking.
Revolução se faz com afeto.

Senti a minha barriga doer.

(Algo estava prestes a nascer).

quarta-feira, 12 de junho de 2013

André Severo, o poeta sossegado.

Há tempos não escrevo pra cá. Tenho estado em tantos lugares ao mesmo tempo que o pensamentório ficou esquecido. Ele e mais um monte de coisas. Força de um destino que não pretende ser esquecido também. O esquecimento é o lugar mais frio que existe na Terra. Quiçá, no universo. Mas como evitar o esquecimento, usando essa tal força do destino, sem ser levado em consequência pelo efeito colateral dela, pela angústia e pela ressaca que nos abraçam mansas como uma reação alérgica? "Elevando seu estado de espírito", nos diriam alguns espirituosos cientistas. Gosto de combinar as duas palavras: e-s-p-i-r-i-t-u-o-s-o-s c-i-e-n-t-i-s-t-a-s. Acho que tem tudo a ver. E o que seria elevar um estado de espírito? É transportar sua existência para a afirmação, através do sossego. Só o sossego pode nos tirar do ostracismo, nos dando força e sem deixar que participemos dos tais efeitos colaterais. Porque é no sossego que se consegue o melhor aproveitamento para as chances darem certo. E é o que acontece sempre. Li recentemente o livreto artesanal de poemas do meu irmão astral bode fantasioso André Severo, que além de poeta e músico, assim como eu, é o ilustrador de sua própria obra; que compreende que um poema deve ser tratado com carinho e cuidado, mesmo que não haja amor, assim como eu; que tem medo do meio literário, que pega, mata e come, assim como eu; que não se dedica para ser reconhecido por ele, mas nem por isso deixa de escrever para os poucos ou para o nada. André Severo sustenta a bandeira dos artista alternativos do submundo mas detesta ser comparado aos famosos poetas de rua, que vendem seus poemas por migalhas. Poeta não mata a fome, mas poema não é migalha. E para se atingir esse alto nível de elevação espiritual, de criatividade e cabeça tranquilas, basta estar sossegado. E foi por isso que ele deu ao livro, em homenagem, o nome "sossego".

O sossego é um estado de espírito genuinamente brasileiro. Para ser mais exato, baiano (favor não confundir com a preguiça). Sustentado por grandiosos baianos, como Jorge Amado e Dorival Caymmi, o sossego já foi parar em discussões, debates, palestras e teses por aí afora. Muitos salões e galerias pelo mundo já abrigaram o sossego. Todo artista de valor deve estar sossegado. Reparem que o verbo "estar" nesse momento é crucial para se entender a prática de como atingir o sossego. E é aqui que muitos artistas procuram uma saída, uma solução rápida nos psicoativos. Não quero defender e nem bater contra. Cada um busca a maneira que deseja. De uma maneira ou de outra, o sossego consegue fazer milagres. Somente uma pessoa sossegada consegue escrever poemas. Somente uma pessoa sossegada consegue ser poeta. Somente uma pessoa altamente poética consegue ser sossegado ao ponto de escrever poemas, diagramar, formatar, recortar, ilustrar e editar seu próprio livro de forma independente e sem cair na pobreza famosa das ruas. André Severo dá o acabamento do livro dedicando uma boa parte do seu tempo para xerocar todas as impressões, uma por uma. É um "paradoxo", criado pelo homem, dizer que o sossego nos impede de agir. Mas é justamente o contrário disso. É preciso estar firme e tranquilo para se locomover, conforme atesta o livro "O Tao do Jeet Kune do", do Bruce lee. Como foi visto nos pés bailarinos e nas mãos porradeiras de Muhammad Ali e também na boca de Martin Luther King Jr. Não à toa, na primeira página do livro, André escolheu começar com a seguinte frase do Ativista político: "Quase sempre/ foi uma minoria criativa e dedicada/ que fez o mundo melhor."





O livro foi feito para ser lido sossegado, literalmente. É um livreto, pequenino, mas que recebe a poética em peso através de diferentes linguagens artísticas. Seus poemas aparecem em algumas ocasiões como artes visuais, sendo ao mesmo tempo recortes e pequenas letras de música, som e surdez: "as caixas de fósforos soam/ e cantam no bolso/ chacoalhando conforme a marcha/ (A verdadeira música urbana)/ Dentro da noite silenciosa/ de tão sozinha...". E às vezes como poemas concretos e ilustrados, como podemos ver nos dois poemas abaixo: (Uma pena vocês não conseguirem virar a tela do computador da mesma maneira que fiz para ler o poema concreto.)





Claro, mesmo com sossego e todo cuidado e dedicação, o livro custa tempo para ser produzido. Muito mais do que dinheiro. E por isso André Severo faz questão de colocar um valor, mesmo que "simbólico", em cada livro impresso. Ninguém está impedido de ganhar uns trocados. Mas André Severo coloca em questão duas perguntas antigas ao homem: "É possível alcançar a felicidade mesmo sem ganhar dinheiro?" e "Como ser feliz fazendo o que se gosta?". Acho que o sossego é a melhor resposta.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

u típico de câncer



sempre tive problemas com cancerianos. problemas amorosos. eles sempre chegam botando muita água no meu chope. eu sei que isso é uma tentativa materna em tentar diluir o efeito do álcool através da água e com isso me deixar um pouco mais "sóbrio". só que eu gosto mais é de ficar endiabrado, digo, embriagado.a maternidade canceriana é algo que eu não entendo.
sempre pensei que o signo de câncer, representado pelo caranguejo, simbolizasse um animal bem equipado: com suas garras & armadura, preparado sempre para batalha. mas o que eles querem mesmo é rolar na cama, digo, na lama.
(e quem não quer?).
a lama dos manguezais está aí para nos provar o quanto eles carregam em suas veias um humanismo em sua biodiversidade.

no último fui convidado a mergulhar na lama, naquele manguezal chamado lapa, num momento onde tudo parecia estar se afundando na lama, três caranguejos com cérebros (espécie em extinção entre os nativos deste signo, eu diria, por causa de seus excessos com o coração) resolveram me mostrar, a mim e a todos os outros animais zodiacais, que a vida na lama, e na água, é mais divertida do que a vida terrestre, com sol na moleira.
ao contrario dos carneiros, que vivem "se batendo", os caranguejos se acolhem, se abraçam embaixo dos lençóis; misturam água com lama: água da lama com água de beber. eles também carregam a alma na língua como qualquer outro animal racional. fazem o ato mais corajoso e de extremo carinho ao se despirem e se mostrarem aos outros signos, assim: com todo o coração.

é preciso ser macho para se jogar em alto-amar,
digo,
mar.

deve ser por isso que eu nunca me atirei no mar. sou fêmea que grita em silêncio por SOCORRO.
deve ser por isso que amo os cancerianos, mas tenho problemas amorosos com a maioria deles.
talvez eu seja utópico. e isso é típico de câncer.

vida longa aos seres que possuem corpo o suficiente para mergulhar na utopia!



(essa facilidade toda deve ser por causa da sua armadura.
e das garras.).

segunda-feira, 11 de março de 2013

clips

por desejo, somos obrigados
a nos ajoelhar. e fazer disso
uma poesia
como quando faço ao amarrar o tênis. descobri a cor
do seu papel de parede
e você estava de costas.

nem imaginas o quanto
fico feliz por isso
pela delícia do meu resultado
ao manipular o acaso (a marginalidade
encontra-se raciocinada. todo poema político é poesia sexual).

uma pena
não ter tirado uma foto
uma pena
não ter arrumado um clip
e anexado aqui a cuidadosa arquitetura.




Foto: jan saudek.

duascaras vivendo

o parto foi um sucesso! os pais estão felizes da vida com a saúde da criança, nasceu saudável o bichinho. ô, graça de deus! estamos orgulhosos e satisfeitos com o carinho dos padrinhos, amigos e familiares corujas. não foi o simba, mas o reino animal também fez festa naquela noite de quinta-feira. se esses dois bichinhos aí da foto não estão com a macaca, macacos me mordam! mas isto então é o que chamamos de bicho da felicidade.

Tchamo você que compareceu ao evento. E você também que não compareceu. É festa na floresta!



Foto: ramones mello, nosso querido.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Nasceu!

Sim, é a primeira vez. E a primeira vez a gente nunca esquece né, é o que dizem. Então por favor, não me julgues de primeira. Há quatro anos que as minhas "práticas" literárias e libidinosas começaram a aparecer sabe, e foi assim de repente. E com uma pessoa que, na época, digamos, não sacava nada dessas coisas também. Eu não medi direito as consequências de tudo. E mais um monte de coisas aconteceu durante esses quatro anos e um monte de pessoas se meteram na parada. Deu no que deu. Acabei gerando esta criança dentro de mim que se parece comigo e com o meu clone, Breno Coelho. Veja se não é as duascaras?

Com direito a dose dupla, performance e leitura sensual de alguns poemas com Taís Amorim, o lançamento de "DuasCaras" será na próxima quinta (28/02) na editora Oito & meio.




O endereço tá oi ô. Aproveita e Chame os moleques e peça para trazer as amigas!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

o nome do Rio




este vídeo foi feito pelos alunos da oficina de criação em vídeo do qual eu faço parte como alunocolaboradoreducador de ideias e outros mistérios astrológicos e mitológicos sobre a teoria da personalidade, o início da poética na pele e na mesa de uma escola pública e, claro, um pouco de novela também, junto com o galerÃO da comunidade Mata-Machado, no alto da boa vista. Uma colinha para vocês:

Nome: "o nome do Rio"
Gênero: Documentário
Sinopse: Uma biografia ficcional sobre a busca do nome verdadeiro do rio que corta a comunidade e que serve de depósito para lixos e dejetos, a partir de possíveis nomes lendas que alguns moradores mais antigos conhecem.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Road trip romena


Então, senhoras e senhores, eis aqui uma oportunidade única de conhecer um pouco, mesmo que cinematograficamente, sobre este pedacinho de terra, ovelhas, campos e ciganos que estará se alojando na Caixa Cultural com uma "mostra de cinema romeno contemporâneo" a partir do dia 15/01 até o dia 27/01. Lembram daquele papo que eu dei aqui sobre cinema romeno? Eles me escutaram.

Vejam na programação os horários porque além dos filmes rolarão dois debates interessantíssimos sobre essa nova febre que está saindo do leste europeu e invadindo o mundo inteiro e que a mídia já rotulou de "Novelle Vague romena". Aqui ó!

Sem esperar para não perder, estarei lá sim senhor. Levem pipoca que eu adoro pipoca no cinema.

sábado, 12 de janeiro de 2013

sem título

(e nem rótulo)


(http://www.youtube.com/watch?v=44rhpQ-e4c8)

olhando a gota pingar para dentro da garrafa de plástico
percebo que o mundo se move com um ato de respirar.
plástico é imortal no reino do vegetal.
agora eu me lembro
da época em que nós percebíamos que a água lavava também a sujeira.
(lavando mãos no banheiro).
o espelho
me faz enxergar a fila dos demônios contentes por não me deixarem morrer na fila do ccbb.
crio um quadro impressionista com as cores que esses olhos
dados pelo lsdeus
e que um dia essa natureza há de comer.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

romeu & julieta



pra quem olha
estranhos
castos
castanhos

olhos tristes
(quase sem energia na bateria ocular)
corpos distantes compondo
a sinfonia do sofá estático
em suas bocas nenhuma fala
msg

num intervalo de tempo
               entre
almoço                sobremesa
um beijinho assim
vapt-vupt
para não sujar a imagem florida da família
no comercial de margarina

e sofrem por não poder alimentar
a fome animal
queijo com goiabada que gruda
como o casal romântico que se expõe no filme
e é aplaudido pela família inteira.