Acabei de passar pela "Cartilha" do João Lima, seu primeiro livro de poemas lançado pela Ocho/2. Lembrei de uma velha situação, de uma professora velha que ensinava uma tabuada velha e decorada: "para que nos servirá a tabuada tia? Para aprendermos a jogar fora o nosso apego aos números." Não me lembro bem de onde eu tirei esta história, mas se não me falha a memória alguma coisa parecida eu aprendi com os melhores poetas do brasil: CDA e Manoel de Barros. É na infância que o nosso mundo cresce, mas continua pequenino para caber dentro de nós. E a poesia? É brincadeira da gente grande que faz do papel o seu parque de diversão.
Assim como "Dobradura" de Alice Sant'anna, a "Cartilha" de João pede a mão do leitor com carinho para atravessar a rua. Uma rua infinita que fica na memória, como o último verão na casa de praia, como a primeira vez que andamos numa bicicleta sem rodinhas e como deveriam ser todas as ruas do mundo.
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tão fácil transpor
uma fronteira
a verdade é que
não há fronteiras
.
Rua dois de fevereiro
E eu que pensava que o mundo
era pequeno demais e o conhecia
como a palma da minha mão
só porque minha rua - a minha
antiga rua de macadame -
não tinha saída
Pois o meu desejo secreto de menino
era mesmo que nenhuma rua
no mundo tivesse fim.
.
achou tão bucólico
o que escrevi
e sem que eu esperasse
olhou par amim
me senti mais velho
de repente
.
Epígrafe
sempre achei que os livros
fossem feitos de terra e
as palavras
sementes.
Ópera de pássaros
Há 2 semanas