após um longo período me alimentando de livros com temas
pesados para digestão
(astrologia, teatro, pedagogia, psicologia, teoria da
personalidade...)
resolvo trocar o prato por um livro de poemas, sobremesa
essa que nos faz comer um poeminha de cada vez para ter aquele gostinho de doce
no céu da boca.
“poesia
auto-sustentável” de alice souto é o meu prato principal.
sempre que resolvo me olhar no espelho sou pEgo pela
seguinte frase estampada em minha face, sem l(b)ook:
“você é aquilo que
escreve”.
(sou imperativo. não aceito perguntas).
estudando sobre a teoria da personalidade, acabo esbarrando
em assuntos que dizem respeito não só a mim, mas a toda so(a)ciedade.
a astrologia,
ciência essa que nem todos consideram sendo LÓGICA,
me caiu como uma LOVE.
(UVA)
não há uma pessoa que tenha nascido no ocidente
(ou que não tenha visto os cavaleiros do zodíaco)
que não conheça a turma do zo(o) díaco.
sendo assim,
fica mais fácil visualizarmos que tipo de personagem
nós somos obrigados a interpretar
(favor não confundir com REPRESENTAR)
como carma por termos nascido sob aquela constelação, com
o sol exatamente naquela posição, naquela estação e naquele horário.
já con fé sei que tenho uma certa atração
(aliás, atrações precisam ser cer
tas).
pelos poemas concebidos pelas mão(e)s daquelas que já nascem
com estas “delicadas”. e é com essa mes mamão que alice demonstra
céu
lado lib(r)idinoso em ser racional. (AR)
Entre teus
dedos
Entre teus dedos
Entendo Deus
Palavras vans
Nuvem de ais
Se penso paz
Meu corpo pede mais
Aguardo e ardo
Pelas manhãs
Anseios inundam
Segundas segundos
Os seis inflamam
Ama, derrama,
chama
Só sossega quando
abre
Mãos, braços
Abre as pernas ao
cansaço
Não terá sido por
isto
Todo o sangue de
Cristo?
Sacrifício, sacro ofício
A arte em muitos
sentidos
Debaixo do meu
umbigo
Artesão me dê a
mão!
Ah tesão entre
teus dedos
Tateia sem manual
Meu corpo cego
Aceita não nega
Entrega sem medo
as palavras escorrem entre os dedos dessa menina com o
su-ó! daqueles operários que trabalham com a palavra:
O Poeta-Operário
de Vladimir Maiakovski
(1893-1930)
Grita-se ao poeta:
“Queria te ver numa fábrica!
O que? versos? Pura bobagem!
Para trabalhar não tens coragem.”
Talvez
ninguém como nós
ponha tanto coração
no trabalho.
Eu sou uma fábrica.
E se chaminés
me faltam
talvez
sem chaminés
seja preciso
ainda mais coragem.
Sei.
Frases vazias não agradam.
Quando serrais madeira
é para fazer lenha.
E nós que somos
senão entalhadores a esculpir
a tora da cabeça humana?
Certamente que a pesca
é coisa respeitável.
Atira-se a rede e quem sabe?
Pega-se um esturjão!
Mas o trabalho do poeta
é muito mais difícil.
Pescamos gente viva e não peixes.
Penoso é trabalhar nos altos-fornos
onde se tempera o ferro em brasa.
Mas pode alguém
acusar-nos de ociosos?
Nós polimos as almas
com a lixa do verso.
Quem vale mais:
o poeta ou o técnico
que produz comodidades?
Ambos!
Os corações também são motores.
A alma é poderosa força motriz.
Somos iguais.
Camaradas dentro da massa operária.
Proletários do corpo e do espírito.
Somente unidos,
somente juntos remoçaremos o mundo,
fa-lo-emos marchar num ritmo célere.
Diante da vaga de palavras
levantemos um dique!
Mãos à obra!
O trabalho é vivo e, novo!
Com os aradores vazios, fora!
Moinho com eles!
Com a água de seus discursos
que façam mover-se a mó!
O Poeta-Operário
de Vladimir Maiakovski
(1893-1930)
Grita-se ao poeta:
“Queria te ver numa fábrica!
O que? versos? Pura bobagem!
Para trabalhar não tens coragem.”
Talvez
ninguém como nós
ponha tanto coração
no trabalho.
Eu sou uma fábrica.
E se chaminés
me faltam
talvez
sem chaminés
seja preciso
ainda mais coragem.
Sei.
Frases vazias não agradam.
Quando serrais madeira
é para fazer lenha.
E nós que somos
senão entalhadores a esculpir
a tora da cabeça humana?
Certamente que a pesca
é coisa respeitável.
Atira-se a rede e quem sabe?
Pega-se um esturjão!
Mas o trabalho do poeta
é muito mais difícil.
Pescamos gente viva e não peixes.
Penoso é trabalhar nos altos-fornos
onde se tempera o ferro em brasa.
Mas pode alguém
acusar-nos de ociosos?
Nós polimos as almas
com a lixa do verso.
Quem vale mais:
o poeta ou o técnico
que produz comodidades?
Ambos!
Os corações também são motores.
A alma é poderosa força motriz.
Somos iguais.
Camaradas dentro da massa operária.
Proletários do corpo e do espírito.
Somente unidos,
somente juntos remoçaremos o mundo,
fa-lo-emos marchar num ritmo célere.
Diante da vaga de palavras
levantemos um dique!
Mãos à obra!
O trabalho é vivo e, novo!
Com os aradores vazios, fora!
Moinho com eles!
Com a água de seus discursos
que façam mover-se a mó!
a diferença que há
nos “poemas femininos”, entre a mão que escreve e a cabeça que pensa, é
justamente o gênero. e o que há entre alice e as outras escritoras é o fato
dela não ser introvertida
(há nos introvertidos uma “necessidade” maior de se
satisfazer apenas com o mu(n)do de dentro).
isso faz com que alice aja com o
espírito libriano, com aquilo que eles sabem fazer de melhor: COMUNICAR.
V. Mimosa
Eu como capim, sim
Pode botar
Vinte de mim pra
cada touro
To nem aí!
Encurralada
Eu não reclamo
Que sujo o rabo
Na sua lama
Me sento
Sem pressa
Questionamento
Não me interessa
Filosofia?
É só história pra
boi dormir
Tô nem aí!
Pode me comer, seu
touro
E me arrancar o couro
Que depois de mim,
como capim
Virá outra
Vaca louca
Me babo toda
Engulo e cuspo
Sem asco ou ânsia
Pela resposta
E ainda me diz
sagrada?
Pois te revelo nas
retinas
O segredo é que
rumino
E mais nada.
A vida convida
Amigo, se toca
Tá na cara
Só tapado não
entende
Que a vida bate
E não é tapa
Que isso não é só
teatro
Isso é teatro
E é a vida em ato.
Escuta!
A vida vibra
Como vidro
Ávida a vida
convida:
- A vida brinda
- A vida brinca
- Beba vida
- Tim Tim
- É só dizer sim!
Ora se toca amigo
Que todo esse ato
É só pra te tocar!
Com vida
Duvida?
- Só acredito se
eu puder tocar
Então se toca!
A corda toca tá na
cara só tapado não
entende que a vida
bate e não é tapa que isso
não é só teatro
isso é teatro e isso sou eu
aqui no palco de
graça no ato com tato
contato contato...
A vida vibra
Poesia
Convida!
após ter tido mais um insight-eructativo sobre pedagogia,
lembrei que nela (pedagogia) a comunicação é essencial quando se quer conhecer o mundo dos
outros.
e nesse universo de pedagogia e ensino, lembro das
palavras do professor pignatari:
“Hoje, quando
“comunicação” se vai transformando em prato trivial, é comum que intelectuais
se pronunciem sobre comunicação de maneira indiscriminada, cândidamente
ignorantes, ou esquecidos, de que os homens e os grupos humanos, como os
animais, de resto, só absorvem a informação de que sentem necessidade e/ou que
lhes seja inteligível... (...) É assim que vemos multiplicarem-se, pelo Brasil,
cursos de comunicação, inclusive ao nível universitário, que não passam, na maioria,
de psicologismos, métodos áudio-visuais e relações públicas (...)”
(trecho retirado do livro “ Informação.Linguagem. Comunicação.” de Décio Pignatari (editora
perspectiva).
by the way,
ouvi dizer que o professor de cio pig n’ ATARI é do signo
de leão (egocêntrico, dizem...) .)
seria óbvio se alice estudasse comunicação social, mas
como a comunicação é um atributo libriano, ela utiliza-o em sua carreira como
psicóloga.
para ser ainda mais preciso, alice é do time de wilhelm reich – cientista, perseguido pela
FDA (a agência do governo americano que regula gêneros alimentícios e
medicamentos), sendo acusado de fraude. foi condenado a dois anos de prisão e
teve todas as suas obras proibidas. um ataque cardíaco o matou na prisão.
reich, que começou sua carreira como psicanalista, focou
seus estudos na sexualidade e descobriu que a vida é uma necessidade
biológica em todos os seres orgânicos.
há nesses seres uma “energia vital”, energia essa presente em todos os seres orgânicos, denominada por ele de ORGÔNIO (ORGONE).
o cientista também descobriu que o nosso corpo funciona
de maneira “funcional”, sendo a mente e o corpo dois lados de uma mesma moeda.
(fico me perguntando se reich não foi oque chegou mais próximo de
descobrir a origem da poesia).
com isso nós podemos perceber que aqueles que são librianos e
extrovertidos precisam “receber informações” do mundo. é uma questão de
energia vital:
Intercâmbio
caracol
Foi mal
Não fiz
intercâmbio cultural
Então por favor me
diz
Quem é o tal...do
Baudelaire
Quem é Baudelaire?
Quem é?
Nunca vi
entardecer na França
Não toquei piano
em criança
Mas tomo muito
sol.
Você conhece o
caracol?
Avenida Brasil
Sete da matina
passarela em
espiral
É fila atrás de
fila na van pra
Copacabana
Senta no banquinho
e corta
caminho pela maré
No intercambio
Caracol não se
fala em Baudelaire
Intercâmbio
Catumbi
Da janela do 485
A cidade em cena-
viagem
Moleque poema
Pede passagem
Bichos, oficinas e
meninas
Putas, ou moças
com calor
De submissão nem
sinal
Semblante de quem
tem
O samba no quintal
Pode até rir
Meu intercâmbio
cultural
Passa pelo catumbi
Porque sonhar só
com o Leblon?
Vai querer meu
sonho são?
Sono lento,
engarrafado.
Cerveja, boteco
Cortiço, sobrado
É querer demais
querer tão pouco?
Nada...Sonho bom é
sonho louco!
e é desse jeito que eu vou descobrindo alice: através de
suas palavras.
hoje eu posso dize-la com segurança que eu e o meu
clone ainda estamos na fase de “intro- versinho & versão”,
(arianos são egoístas, dizem...)
devido ao ex-porro que tomamos dela no CEP 20.000, evento
do então poetão chacal,
(ouvi dizer que chacal é do signo de touro, teimoso,
dizem...)
por não decorarmos os nosso poemas.
(é que eu ainda prefiro escrever para ser ouvido. é uma
maneira de me (re) conhecer sempre que pegar em meus textos não de cor ados).
enquanto algumas pessoas tentam de tudo para manter a sua
imagem, desperdiçando milhões de segundos tentando man-ter aquela imagem que
sustente suas palavras, sua faculdade, seu intercâmbio cultural; alice vai
levando sua poesia de forma espontânea e por isso se torna
a(ra)uto-sustentável.
ela não precisa manter uma imagem, sua imagem libriana
lhe sustenta. está explícito:
Poema de língua
Com a letra na
ponta da língua.
Não cabem mais
palavras na boca de quem beija.
Mas há um bocado
de sentido!
Por isso digo: o beijo
é linguagem.
Línguas ágeis
interagem.
E o transporte é a
saliva, que lava a palavra e me leva à ação.
O que em mim
ativa: desejo de comunicação.