quarta-feira, 20 de junho de 2012

expostos os opostos dispostos




acabei de ler o livro (revista?) que ganhei da minha vida amada
(lê-se namorada),
na terça-feira passa(rga)da, mais precisamente no dia dos valentões!
o tão aguardado livro-revista (re-vista?)em questão , que também poderia muito bem ser anunciado como “ o TAO aguardado livro-...”  é o DAYTRIPPER!

para quem não sabe,
ou tem preguiça de saber,
 daytripper é um “livro” de história em quadrinhos dos irmãos  super gemos:  FÁBIO MOON & GABRIEL BÁ. O livro-revista  tem mais de 200 páginas + capa dura (por isso livro), e  foi lançado pela editora VERTIGO (por isso revista):  selo da DC comics que lança histórias em quadrinhos com temas “maduros” (engano seu pensar que o “duro” sempre está relacionado à maturidade).

nele, moon & bá contam a história de brás de oliva domingos :

                                      HOMEM
                        Rapaz,  
um  menino,
                                                            que sonha:
sonha em ser escritor;
sonha em viajar por todo Brasil;
sonha acordado;
sonha sonhando...
e  apesar disso, trabalha escrevendo obituários para um jornal.
essa é a vida de Brás, que poderia ser perfeitamente a vida de qualquer um de nós.
Ou a morte para algumas pessoas.
e é exatamente nesses momentos que vemos transparecer a genialidade dessas cabeças pensantes!

“ (..) Daytripper seria uma história de momentos silenciosos. Sobre o que você pode dizer a partir dos olhos de alguém.

Uma troca de olhares.

Um sorriso.

(...)”

as palavras terminam o que os olhos começam.
 trabalho em equipe.
as imagens são palavras através de símbolos
ou as palavras são imagens em códigos?

o que os nossos olhos vêm nas páginas do quadrinho, são imagens lisérgicas.
fica difícil distinguir o que é sonho e o que é realidade
(a teoria da realidade fica para um próxima vez, ou para um próximo livro).

o que é vida e o que é morte?
o que é moon e o que é bá?
o que é sonho o que é real?

falar de um oposto é vangloriar o seu oposto. fica impossível não pensar na luz sem que esta esteja acompanhada pela sombra.
valorizar a vida é também valorizar a morte. Nietz-she (Nietz-CHI?) sabia muito bem disso!)
a vida é feita de duplos: duplo sentido; o homem e o seu duplo; prova em dupla; cosme & damião; mente & corpo; dose dupla; homem & mulher; homem & homem; mulher & mulher...

na teoria dos opostos, é preciso entender que eles (opostos) precisam estar dispostos para trabalharem em equipe:

“os opostos se atraem
os dispostos de distraem”

privilégio de quem já nasceu em dupla.
ser gêmeo de uma outra pessoa, é não saber se você é a imagem e semelhança de alguém ou se esse alguém é a sua imagem e semelhança.
semelhanças a parte, todo gemo busca sua identidade nas diferenças. e para que isso ocorra, será preciso que eles decidam quem vai ser o quê.
(o quê?!)
vou explicar:

se um gêmeo decide se manter regrado em suas atividades, o outro tende a ser desregrado para o seu próprio agrado pessoal (o começo da implicância, eu diria. muito importante para o equilíbrio).
desse jeito, os gemos percebem que eles podem ser duas pessoas de um mesmo espermatozoide.

me arrisco em dizer que moon , pelo seu nome,pelos seus cabelos cacheados e pelo o seu rosto despido de pelos; carrega nos traços de sua personalidade o sentimento explícito de suas ideias, enquanto bá, com sua barba, boné e o seu nome monossilábico, carrega nos traços de sua personalidade o traço firme de quem se preocupa em manter as coisas em ordem.

o livro-revista daytripper é uma viagem nas (in)possibilidades reais da vida.
vivemos morrendo  toda hora. basta que alguns olhos se relacionem com os nossos olhos e puft, já estamos caídos, morridos de alguma coisa
(esse tipo de cousa que ataca os predispostos).
 daytripper carrega em suas páginas as diversas formas de reconstruirmos a vida, ou melhor, interpretarmos a vida em sua maneira não linear de nos mostrar a vida de Brás.
 uma maneira de confundir o leitor em saber o que vem primeiro:

o real 
(ou o imaginário);

- o que precisa ser falado 
E O QUE PRECISA SER OLHADO;

a
 que antecede a palavra.

aproveito para deixar uma dica das possíveis interpretações da vida-morte do livro-revista dos gêmeos moon-bá:
- um bom copo de café &/ou cigarros, para aqueles que precisam sentir na pele o que passa o nosso protagonista;
-  uma boa música noszouvidos, and go with the flow...

(sugiro duas músicas em questão: space cowboy do jamiroquai , que é a própria viagem sintetizada em canção; fuga n° II, dos mutantes, que é a própria fuga da realidade sintetizada em canção).

a leitura segue um fluxo que transcende a relatividade do tempo (esse assunto também fica para um outro dia). Possíveis dilúvios aconteceram diante do seus olhos, em outras palavras, as águas vão rolar!
(derramei mais lágrimas lendo daytripper, que há muito eu não derramava lendo um outro livro ou assistindo a um filme).
quando se percebe, as horas passaram, nós passarinhos
(só agora  então pude entender o sr. mario quintana)
os dias e a vida de brás
a vida de                                                                          sàrt
                                                  arap
frente.

daytripper precisa ser lido como um todo.
moon & bá são um único livro.
brás de oliva domingos é várias pessoas.
os super gemos nos mostram através de seus traços & rabiscos que o verdadeiro super-herói não combate os seus inimigos, ao invés disso, ele se torna um amigo comum. inimigo íntimo.