sábado, 21 de julho de 2012

Anedota exemplar

"Contràriamente ao referido por alguns, Guimarães Rosa era muito vaidoso e cioso de sua obra. Certa vez, num dos dois colóquios que com êle mantivemos, no Itamarati, exebiu-nos o datiloscrito de um conto inédito, perguntando-nos, ao memo tempo, por que a prosa literária brasileira contemporânea (1964) parecia tão frouxa, desossada, amebóide, em comparação com a sua, mais "pedregosa... e viril". Respondemos, a um primeiro exame da amostragem represntada pelo datiloscrito, que isso poderia resultar, entre outras coisas, de uma freqüencia maior de grupos consonantais. Achou curioso. Quis saber em seguida qual o escritor cuja prosa equipararíamos à dêle. Resposta: "Entre os vivos, nenhum". Rosa: E entre os mortos... Machado?". Resposta: "Não, Oswald de Andrade". Visivelmente, não gostou do nome. E mais tarde, botamos um dos seus contos no computador e lhe enviamos o resultado, que confirmava a observação inicial: uma pequena porcentagem a mais de consoante. Uma pRosa é uma pRosa é uma pRosa..."

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(in 'Informação. Linguagem. Comunicação.' Da série Debates, editora perspectiva. Décio Pignatari.)