hoje eu acordei um pouco lebre. sentimento de preguiça que um dia pertenceu ao bicho homem
nos tempos em ele que era apenas um homo sapiens, um macunaíma.
hoje, eu acordei com febre.
não aquela febre ruim onde substâncias químicas
inibidoras são liberadas, percorrendo todo o nosso corpo, ultrapassando o
nível de substâncias excitatórias presente em nosso organismo. minha febre é justamente o oposto.
hoje acordei excitado. com fome.
hoje acordei excitado. com fome.
fome de quê?
fome de tudo!
O culpado disso?
claudio assis assado.
pra quem não o conhece, claudio assis é diretor de
cinema. pernambucano com “p” de “porra”.
sagitariano. sintetizando a verdadeira face hominídea: homem &
animal.
em seu primeiro longa metragem: “amarelo manga”, o diretor abre os olhos amarelados para um recife
(ou a palavra certa seria: ré-cife?) pós manguebeat.
o seu segundo longa intitulado “baixio das bestas” é um mergulho naquilo que o ser humano tem de
melhor e com preços baixíssimos!
já no seu terceiro longa metragem: “a febre do rato”, o primeiro em preto & branco, cl-audio abre
as portas da percepção. liga o som até o ultimo volume com pura sonoridade
poética.
“Febre do Rato é uma expressão popular típica da cidade do
Recife que designa alguém quando está fora de controle, alguém que está
danado.”
-
trecho retirado da página do filme no facebook.
zizo é um poeta malagueta, mangue boy &
anarquista que vive de poesia. vive a poesia. zizo é o típico homem que não
reprime os impulsos poéticos. o tipo de pessoa que necessita viver a poesia em sua forma
mais humana. agitador & agitado, ele publica e distribui um jornal chamado “a febre do rato”.
rato,
animal esse que se assemelha ao homem até mais que o macaco, eu diria. serviu de influência para muitos escritores tais como machado de assis, que em seu conto intitulado: “conto alexandrino”, conta a história de dois filósofos: “stroibus & pítias”. ambos tentam provar que toda essência humana encontram-se nos animais. para isso, os dois bebem sangue de rato e se tornam ladrões.
além do machadão, que também é assis, um outro escritor
(podemos chama-lo assim) que utiliza-se também da analogia do rato em seus estudos foi o nosso querido bisavô freud. nesse texto intitulado "o homem dos ratos", freud transcreve o tratamento de
um jovem onde tenta formular uma explicação sobre a neurose
obsessivo-compulsiva à luz da teoria psico-sexual do desenvolvimento.
cito esses dois autores porque foram os primeiro que me vieram aos
olhos; possivelmente outros autores já tentaram provar que o homem originou-se
também do rato. tanto que, para mim, muitos homens são mais ratos do que os
próprios ratos, e muitos ratos são mais humanos que muitos seres humanos.
continuando na trilha do filme em questão, zizo é um anarquista até encontrar eneida, uma menina que deve ter no máximo 18 anos e que “enche o saco” com as poesias do poeta.
zizo descobre que para entender de poesia,
é preciso primeiro entender as musas, em outras plavras, as mulheres. e se tratando delas, nem a ciência é capaz de explicar
seus temperamentos de chico.
o extado (estado + extase) de embreaguez da poesia é do começo ao fim.
ela aparece no filme em diversos aspectos: cachaça, mulheres ("Olha que cachaça e rapariga também é poesia.", como diria dona marieta: mãe do poeta zizo) , maconha, homens,sexo, e é claro, em poemas e palavras.
ela aparece no filme em diversos aspectos: cachaça, mulheres ("Olha que cachaça e rapariga também é poesia.", como diria dona marieta: mãe do poeta zizo) , maconha, homens,sexo, e é claro, em poemas e palavras.
cada estado alterado de consciência é uma
manifestação , um contato direto com a poesia como impulso. zizo sintetiza bem
quando conversa com o personagem“boca mole”, interpertado por julio
carrazé, refireindo-se à maconha: “você é um vendedor de sonhos!”.
ela (poesia) se torna o disfarce, o álibi; alibaba que que rouba a fonte de prazer da caverna de platão e decide jogar na cara dos 40 de ladrões que insistem em não enxergar o que há de mais valioso na vida: o prazer.
em seu belíssimo filme, clauio assis consegue humanizar a poesia ao mesmo tempo que poetiza o homem.
a nudez, o sexo, o desbunde, e toda essa libertação que parece ter sucegado o faxo nesse momento pós anos 60, voltam como um manifesto de que as coisas andam muito (en)cobertas para o nosso gosto.
ela (poesia) se torna o disfarce, o álibi; alibaba que que rouba a fonte de prazer da caverna de platão e decide jogar na cara dos 40 de ladrões que insistem em não enxergar o que há de mais valioso na vida: o prazer.
em seu belíssimo filme, clauio assis consegue humanizar a poesia ao mesmo tempo que poetiza o homem.
a nudez, o sexo, o desbunde, e toda essa libertação que parece ter sucegado o faxo nesse momento pós anos 60, voltam como um manifesto de que as coisas andam muito (en)cobertas para o nosso gosto.
todo mundo sabe que o ser humano é feito de desejos,
impulsos e estímulos. todos estão carecas de saber que quando acaba o amor,
acaba-se tudo. é exatamente por essa via que claudio caminha mantendo-se ainda como um ser humano. não como um artista que subiu de espécie, pelo
contrario, ele se assume o homem mais homem da face da terra.
os anos 60 voltam as telas de cinema com as cenas
típicas de pornôs chanchadas. valorizando a estética que o ser humano tem de
melhor: a sua nudez
(há quem diga que esse é o nosso melhor figurino).
(há quem diga que esse é o nosso melhor figurino).
o cenário é recife- mangue town. lugar esse que em meu
imaginário é o habitat perfeito para todos os tipos de bio diversidades. o habitat ideal (bota ideologia nisso!) para marx e patota. parece que há um espírito coletivo vindo do inconsciente coletivo da cidade. os artistas
todos se juntam para tornar a coisa real. ainda que o simbólico seja a melhor
saída para se chegar ao real.
o roteiro é assinado pelo também pernambucano (com “P” de “porra”)
hilton lacerda. o mesmo cabra que assinou roteiros de Peso (com “P” de “porra”)
como: “a festa da menina morta”, “baile
perfumado” & “árido movie”.com o cenário + o roteiro prontos, fica faltando a trilha sonora que embala essa viagem poética pelo recife mon´amanga.
cabe ao jorge, o du peixe, vocalista da nação zumbi (para quem não conhece) com ajuda de outros músicos como o virtuosíssimo vitor araújo e a galera do mombojó (esses são os únicos músicos que eu tenho a certeza que contribuíram com o filme).
mergulhando em ré-cife com a música onírica-ondulantes do du peixe, somos guiados pelos olhos de lente do poderoso walter de carvalho (para quem não o conhece, walter du caralho é diretor de fotografia. registrou com seus olhos de câmera filmes importantíssimos do cinema brasileiro desde o cinema novo).
e se dar para ficar ainda melhor, então podemos listar a escalação do time de atores: irandhir santos ( o deputado fraga-freixo do tropa de elite), nanda costa (a poesia em forma de mulher), matheus nachtergaele, maria gladys, juliano cazarré, vitor araújo, dira paes (participação mais do que especial), entre outros atores que escalam o elenco.
assi- tindo ao filme, conseguimos entender porque é que claudio nunca passeou em cannes.
acho que nossos colonizadores europeus, assim como muitos espectadores brasileiros, temem o artista brasileiro mal criado.