terça-feira, 13 de novembro de 2012

quando se junta a fome com a vontade de comer

A música sempre foi a minha maior paixão. Aquela maior, que nos atormenta desde o tempo da escola. E que você sempre leva pela vida inteira. A paixão que tinha tudo para dar certo, mas não deu. E não foi pelas forças da platonice, minha amiga eterna. Naquele fogo e fôlego, dos amantes que jamais irão se largar mas que nunca poderão assumir um romance, apagávamos. Nunca deu certo porque nunca nos demos valor. Para ela, eu era pouco. Para mim, ela não tinha muito. Mas o coração trepidava todas as vezes que nos esbarrávamos pelos arredores, cantos e em toda esquina. E até hoje bamboleia.

Fruto de um romance que nasceu de repente. Afinal, todos os romances nascem de repente. E eu, que devia ter na época uns onze anos de idade, era muito novinho. Ela era cascudaça, veterana de guerra. Logo, fizemos um pacto: você nunca me dará nada e eu nunca te darei também. Mas os amantes nunca deixaram de se ver e se amar. Para o orgulho do pai e o desespero da mãe. A música consumia muito o meu tempo para nada, segundo minha mãe. Já meu pai acreditava tanto naquilo, que até hoje me manda algumas mensagens com fotos de violão, baixo ou qualquer outro instrumento dizendo: "e ai filhão, será que ainda rola uma conciliação?" Mas o trabalho está tenso, a vida anda apertada e eu agora me relaciono com a literatura, vocês sabem. A música ficou afastada da minha vida por um bom tempo. Mas agora, agora eu resolvi voltar. Dá a volta por cima da burocracia dos que nunca souberam ter atitude. A burocracia é uma merda para quem não tem cacique. Acabei com essa palhaçada de romantismo do século XIX, das dores, delírios e depressões por aquela que prefere sofrer ainda mais que você.

Aproveitei que meu irmão mais velho agora tem um brinquedinho novo, Um homestudio muito chique dentro de casa. E meu clone, ah ele tá sempre do lado. Se não está ajudando, tá fazendo. E ainda mais agora, que um grande amigo meu das épocas antigas da cachaça (todo suburbano tem essa época. eternamente.), Cayo, que eu conheci como "Ice" e fazendo rap, lançou essa belezura de EP que escorreu pelas caixas de som do meu alto falante. "É chill meu irmão, chill!" foi o que ele disse na última vez que nos encontramos num show. Aliás, nos encontramos no melhor show da minha vida: Toro y moi, no circo voador, ao vivo(Foi lindo!). Então o menino sabe o que está ouvindo. Com o ouvido fino, o EP chamado "Alimentar" ficou pura onda sonora batendo no vagar das lâmpadas de casa. E isso foi a gota d'água! Preciso desenterrar o baixo de cima do meu armário. Eu preciso resolver logo este assunto com a música antes que seja tarde demais. Antes que a última nota pare de tocar. Eu preciso comer!



Escute o som aqui