segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Elemento Amor

Cataventos

(parte huum..)

Rodrigo acordou sem conseguir dormir.

Despertou dos seus pensamentos que lhe prenderam durante toda a noite.

Foi recebido com um café da manhã entregue pelo seu mais novo uniforme de trabalho. Aquele seria o seu 1° dia de trabalho.

Rodrigo gostava das primeiras vezes de todas as coisas. A primeira vez em que ele conseguiu levantar uma sobrancelha, a primeira vez em que girou a cabeça 360° e a primeira vez que conseguiu permanecer 5 segundos sem os pés no chão.

Comendo biscoitos de vento, Rodrigo tentava se acalmar do furacão que se formava em seu estômago. Seu blusão lhe massageava com as mangas numa tentativa de acalmá-lo.

Saiu de casa ainda de noite, andando de mansinho para não acordar as coisas que ainda estavam dormindo.

Ouvia a respiração asmática do vento.

Em frente ao tronco metálico com folhas feitas de blindex, o jovem rapaz sentiu o furacão se aproximando cada vez mais de sua boca. Por um momento achou que iria vomitar. Como ele havia comido biscoitos de vento, teve a impressão de que iria vomitar o próprio furacão. Pensou em voltar para a cama onde lá ele achava que todas as coisas eram eternas.

Ao primeiro passo que deu entrando goela adentro do prédio que dormia de boca aberta, achou que entendia a teoria do caos. Mas foi apenas um pensamento de uma borboleta que sonhava em ser um homem do outro lado do mundo.

Chegou cedo demais e decidiu esperar na sala que fora instruído ficar. Todas as coisas ainda dormiam sossegadas. Rodrigo era o único que perdia o sono por causa do medo de pensamentos Herméticos assustadores. Escutava o ronco do computador e viu a felicidade. Sim, felicidade é abrir os olhos para as coisas que estão dormindo.

Reparou no catavento colorido em cima da mesa. Sentiu o seu olhar de paisagem sendo sugado para dentro das hélices coloridas daquele pequeno objeto de papel.

Cataventos indicam quando o clima está mudando. Ele nos mostra quando o tempo está fechando ou quando se aproxima uma tempestade de pensamentos.

Eu não sei bem o que foi que aconteceu querido leitor mas neste exato momento da história Rodrigo voaram folhas Denise abriu assustado rodou sala objetos cataventos acordaram descabelado porta despertando abriu terminou todos rodou como louco olhou objetos para ela

- Bom dia – disse Denise com todo o ar nos pulmões.

Rodrigo olhou para a janela e viu o sol que também havia despertado.

- Bom dia... - respondeu o rapaz tentando puxar ar dos pulmões.

- Prazer, eu me chamo Denise e eu serei a sua chefe. Ou melhor, - ela se aproximou de Rodrigo enquanto ajeitava os cabelos bagunçados do rapaz – eu sou aquela que vai te orientar nos momentos em que você mais precisar.

Os Rodrigo papeis voarem retribuiu voltaram com um pela a sala sorriso tímido.

De noite, Rodrigo saiu do trabalho e passou na casa dos pais de Débora.

Como de costume, Dona Lenira abriu a porta muito receptiva. Como de costume, Rodrigo lhe deu boa noite e como de costume ambos seguiram seus caminhos sem se olharem. O hábito cria uma intimidade falsa.

Ao passar pela sala onde seu sogro estava sentado assistindo TV, percebeu que tanto ele quanto ela estavam enfaixados feito múmias. Intimidade não é falsa. É verdadeiro. É todo aquele costume falso em tentar permanecer íntimo com outra pessoa...

E antes de terminar esse pensamento, Rodrigo se lembrou de vestir o casaco antes de entrar no quarto de Débora. Estavam se acostumando com o clima frio.

Débora, em frente ao computador, lhe respondeu com os dois olhos azuis frios e uma faísca de beijo feito esquimó, que pouco acendeu o peito de Rodrigo.

O rapaz tirou a neve de cima da cama antes de sentar.

- Como foi o seu primeiro dia de trabalho?

- Foi tudo tranqüilo...minha chefe parece ser uma pessoa legal.

Barulho de MSN e pouca conversa entre eles.

-Tomara que seja. Para ela não ficar pegando no seu pé.

No momento em que ela completa essa frase, o vento traz para o quarto um SMS pela janela derrubando um livro da estante. Rodrigo pega o livro do chão .

“A vida como ela é”.

- E o seu dia na escola?

- Eu estou num cursinho de pré-vestibular, meu amor, não é mais escola.

- Desculpe. Foi erro de gramática.

Errar no português é humano.

- E então?

- O quê que tem?

- Como foi?

- Foi chato... Tive aula de física hoje.

Rodrigo não conseguia tirar os olhos dos ensinamentos de Nelson.

- Posso levar este livro? – perguntou cortando a conversa.

-Pode... Eu nem me lembrava que eu tinha esse livro.

O frio congela os pensamentos até deste escritor que no momento da história pouco tem a acrescentar se não o fato de que Nelson Rodrigues é mais educativo do que os livros de escola.