segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Elemento Amor

Estrada para o Inferno- 1° Parte

Ariane e Bernardo se conheceram na época em que ainda estudavam.

Foi por causa de uma bolinha de papel que seus destinos foram traçados.

Ariane sentava exatamente na quinta cadeira da quarta fileira no canto direito.

Bernardo sentava na segunda cadeira da segunda fileira, no meio.

A bolinha atirada por ela cai na mesa dele.

- “Então, você me dá um beijo?“

Bernardo olha para trás. Todos estão dormindo em suas carteiras. A dona da bolinha disfarça olhando pela a janela.

Ele tenta se desfazer de todo aquele mal entendido ou tenta se desfazer de todo aquele entendimento. Mal sabe ele que o entendimento é sempre outro.

O rapaz atira a bolinha na lixeira que fica localizada no lado direito da mesa da professora que se localiza no meio, em frente do quadro negro.

A bolinha para no ar e se move em direção à mesa de Dona Cláudia, a professora de língua portuguesa da classe.

- “então, você me dá um beijo?”

Em voz alta ela lê. Em voz alta, o destino e os outros alunos começam a rir.

- quem está querendo o meu beijo ?

Todos os alunos dormem em suas carteira. Exceto os dois beijoqueiros que permanecem acordados. Eles apenas levantam suas mãos.

Sentados na diretoria, ela decide se explicar para ele.

- Eu não queria te dar um beijo.

- Não?

- Não. A bolinha era para outra pessoa.

- Nossa, que ironia do destino. Eu acho que a professora queria um beijo meu.

- Você queria beija-la ?

- Não. Uma nota 10 já estaria de bom tamanho.

Os dois sorriem. A sala começa se aquecer.

- E quem era o cara merecedor de teus beijos?

- Era a Tainá.

O quadro na sala da diretora com a imagem de cristo cai no chão.

A partir daí nasceu uma amizade. E as bolinhas de papel passariam a ter outros objetivos.

Lançavam-se bolinhas para conversarem durante as aulas ou para levarem as colas das provas.

Eles eram tão parecidos que combinavam até nas roupas que vestiam. Falavam das mesmas coisas e das mesmas meninas, é claro.

- Par ou ímpar ? – disse ele em posição de ataque depois de ver uma garota passar perto deles na mesa de bar.

- Par ! – responde ela sem pensar duas ou mais vezes.

O dois jogam. Ela ganha. Levanta-se levando consigo o copo de cerveja e sorrindo com a vitória. Ele lava a boca amarga com Brahma antisséptico Bukowski.

- Par ou ímpar ? – disse ele em uma outra situação e em uma outra mesa de bar.

- Esta daí eu conheço, você não teria nada com ela – disse ela levantando-se e levando consigo o seu copo de cerveja e sua mais nova vitória.

Bernardo permanece sentado na cadeira. Ele acende um cigarro.

Ao olhar para a sua amiga que está ensinando a outra menina a segurar no taco de sinuca, percebe uma coisa: sai fumaça do corpo dela.

Ele percebe também que restaram apenas cinzas do cigarro.

Domingo de sol, como de costume, costume de quê? Dos domingos de sol ou costume de ir à praia? Domingos são os dias ideais para os costumes dos outros.

Bernardo desabafa com a sua amiga sobre o que vem lhe acontecendo durante toda a semana.

- Conheci uma menina no curso de francês

- Ela é bonita?

- Nem comece Ariane, dessa vez eu vi primeiro e eu não vou competir com você, que é uma ariana digna.

- Eu também estou me caminhando por essa estrada...

- Que estrada?

- Da paixão.

- Paixão é um caminho sem volta.

- Encruzilhada seria a melhor definição.

Eles refletem junto com a marola do baseado não mencionado ao leitor por motivo de descuido.

- Eu, sendo uma ariana, não perco uma amizade por causa de um simples amor – diz ela voltando para a primeira conversa.

Ele tenta entender aquela frase na lógica da maconha. Olhou para o céu e reparou que estava violeta, o mar vermelho e a areia da praia azul. Isso não tem lógica nenhuma, mas pouco importa a lógica das cores quando o corpo começa a se aquecer, ao mesmo tempo em que ele olha para os olhos verdes de Ariane.

- Não trocaria uma amizade por causa de um amor, mas ela trocaria um amor por causa de um amigo?

Pensou sozinho com sua cabeça e suas próprias vozes.